Insustentável: História da “mulher da Fiat Toro” que aplicou golpes em lojas de Gurupi não foi comprovada


Projeto de extensão da Universidade de Gurupi sobre Educação Midiática e Checagem de Fatos
Acadêmico: Lucas Carvalho| Egressa: Letícia Melo | Professoras: Gabriela Melo e Marina Bitar


Circulou pelas redes sociais, em meados de maio deste ano, a informação de que teria uma mulher bem apresentada aplicando golpes no comércio local, na cidade de Gurupi, Região Sul do estado do Tocantins. As imagens foram divulgadas pela proprietária de um dos comércios e o projeto de extensão “Rum, conversa!” buscou informações sobre o caso para saber sobre a sua veracidade.

A informação foi classificada como insustentável, etiqueta utilizada quando não há registros suficientes.  Empresários de Gurupi relataram o crime, contudo, não registraram Boletim de Ocorrência. A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública afirmou que nesses casos o certo é registrar a denúncia e informar as autoridades competentes.

Após identificação, por meio das imagens, os acadêmicos do projeto realizaram visita ao local onde foram feitas as imagens da mulher em um carro branco. Na visita foi possível identificar a autora dos áudios compartilhados nas redes sociais, Luciana Borges, proprietária da empresa Cimento e Companhia, localizada na Avenida Ceará.

Em entrevista, Luciana relatou que a acusada chegou na loja, dizendo que teria comprado um vaso sanitário e o produto teria quebrado e estava na garantia, a proprietária da loja afirmou que não pediu nenhum comprovante e entregou outro produto novo para a mulher.

Perguntada por qual motivo ela não registrou Boletim de Ocorrência, Luciana respondeu que, apesar de ter divulgado nas redes sociais, não acreditava ter provas para registrar o caso com as autoridades. “Eu não tinha provas concretas para levar para a polícia. Só as imagens mesmo não eram suficientes”, acreditou Luciana. 

A empresária afirmou que nas imagens, foram os próprios funcionários que colocaram o produto do golpe, um vaso sanitário, na caminhonete da autora do furto, que apenas acompanhou, “como eu iria explicar uma situação dessa, muito complicado”, ressaltou.

Outra testemunha foi o senhor João Carlos Silva, gerente da empresa Brilha Forte que informou que a mulher teria passado na sua loja e roubado cerca de R$ 380 reais em produtos. Segundo João, a mulher chegou no dia 20 de maio deste ano, próximo ao fim do expediente dizendo que havia feito a devolução de umas mesas no valor e esqueceu de pegar o comprovante. 

“O funcionário acreditou na história e repassou um vale no valor, supostamente correspondente ao que a mulher afirmava, depois recebemos a visita da verdadeira mulher que teria que pegar a devolução na nossa loja, a partir desse momento entendemos o que teria acontecido, foi um roubo”, afirmou o gerente.

A coordenação do Projeto “Rum, conversa!” alerta: as vítimas de crimes não têm o dever de apresentar todas as provas, afinal, após registrar o Boletim de Ocorrência, será função da polícia, órgão que detém recursos próprios para realizar a investigação. Além disso, divulgar fotos de pessoas sem provas nas redes sociais pode gerar consequências graves. Portanto, em casos de crimes, o primeiro passo é procurar as autoridades competentes.  

Comentários